INTRODUÇÃO AO SERMÃO DO MONTE

  • Nosso primeiro estudo compartilhado será a respeito de uma sequência tão conhecida quão mal interpretada. O sermão do monte é uma serie de ensinamentos que nos acompanha desde muito novos em canções, folhetos e evangelizações. Entretanto, nem sempre acompanhadas de um estudo que consiga nos posicionar em completa noção do peso e significado que aquelas sequências de palavras carregam.

  • Outra coisa que pretendo evitar é exatamente pairarmos demasiadamente em aspectos tão técnicos que perdemos de vista o essencial. Neste comportamento carregado por muitos “recém reformados” reside o perigo de tratarmos a escritura como puro e completo passatempo. As vezes, usando-a para ganhar atenção para nós mesmos em discussões puramente mais técnicas que teológicas. Para isso, usaremos como referência o livro “Estudos no Sermão do Monte”, do autor Martyn Lloyd Jones, que nos traz uma abordagem equilibrada e nos agracia com várias aplicações na nossa vida.

PARA QUEM FOI ESCRITO?

  •  A primeira premissa que devemos ter em mente é que os ensinamentos contidos nesse sermão possuem endereço e destinatário específicos: o crente. Não podemos sequer cobrar uma virgula daquilo que foi escrito no entendimento ou ações de pessoas que não foram regeneradas. Elas podem até entender aspectos particulares dos versículos, clamarem para si comportamentos que remetam a algum aspecto do Sermão ou até mesmo cobrar de outras pessoas uma aplicação social sobre ele. Entretanto, não vão conseguir compreender os aspectos gerais e mais importantes que o Sermão com sua sequência lógica e espiritual apresenta.

  • Uma ilustração que nos traz com fidelidade a imagem correta da relação entre os aspectos particulares, como “dar a outra face”, e aspectos gerais dos ensinamentos é compará-los com uma sinfonia. Há uma facilidade em tocar todas as notas contidas na Sonata ao Luar, de Beethoven, e, ao mesmo tempo, se distanciar cada vez mais dessa própria sonata. A repetição das notas de maneira puramente mecânica não será capaz de reproduzir com fidelidade aquilo que Beethoven construiu com a seu talento inato. Pois bem, assim o faz o homem sem o coração regenerado por Deus ao tentar agradá-lo apenas tentando reproduzir aspectos particulares do Sermão como uma leitura simplista, social ou humana dos Seus preceitos.

DIVIDINDO O SERMÃO

  • O autor defende que maneira de o dividir didaticamente seria de pensar nos princípios que regem a nossa leitura. Por exemplo, há uma continuidade entre a doutrina e as deduções que a seguem. Os fundamentos apresentados descrevem posteriormente o destinatário para o qual aquela mensagem será aplicada. O Sermão do Monte carrega em si o caráter geral dos crentes e os desdobramentos na sua vida prática. Precisamos entender primeiramente os aspectos gerais (vs 3-13), perpassando para a relação do crente com o mundo (vs 13-16) e chegando ao conhecimento do crente e a lei de Deus (vs 16-48) encontrados no capítulo 5 do livro de Mateus.

SERMÃO OU CODIGO DE CONDUTA?

  • Não há forma mais certeira de interpretar erroneamente o Sermão do Monte que o enxergar apenas como um código de conduta do crente ou como uma espécie de 2ª edição dos 10 mandamentos. Seria como tocar mecanicamente as notas do coração regenerado, sem de fato estar pronto a entregar integralmente o coração, vida e espírito Àquele que compôs a sinfonia mais completa e impossível de reproduzir sem a Sua poderosa mão. Nosso Senhor e salvador já viveu e nos deu o exemplo maior da aplicabilidade prática, tal como os apóstolos e reformadores piedosos. Assim, os crentes são também aqueles com a capacidade de viver plenamente produzindo os frutos do sermão em sua vida prática.

  • O verdadeiro crente apresenta três características essenciais que os torna unicamente preparados para aceitar e conviver harmoniosamente com o Sermão do Monte. Primeiro, é de sua natureza observar com cautela a lei de Deus e não a colocar em oposição à graça. Segundo, só ele é capaz de viver consciente em todas as suas ações e pensamentos que se encontra na presença de Deus. Por último, vive sempre no temor ao Senhor, desligado das coisas deste mundo, não num pavor acovardado. Portanto, ciente de que será julgado pelo justo e reto Juiz e cuja razão de não ser consumido a cada instante reside apenas em Sua misericórdia (LAM 3:22).

ALERTA

  • Cuidado ao tentar argumentar contra o sermão, alerta o autor, pois o erro com segurança pode estar na sua interpretação ou até mesmo em você. Não há como encontrar erros em uma leitura fiel junto a um coração quebrantado ciente da sua condição natural, sem a influência do Espírito Santo. Mergulharemos cada vez mais nos aspectos particulares desses preceitos conforme avancemos nos versos. Estejam abertos à edificação. Paz

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